O Copo, o Relógio e o Telefone I
Por Fastolf Brambel - Desafio Caixa Preta II
Conto que observava ansioso. Suava quente em dia frio.
Eram ambos firmes e decididos. O pequeno já estava quase lá há tempos enquanto o grande parecia economizar o seu. Mesmo com a falta de pressa os dois chegaram ao mesmo tempo, sem falhas, aos seus respectivos lugares. Como tinha de ser.
O menor já esboçava seu passo até a casa nove, sem pensar em outra coisa, quando o maior se apossou da de numero 12. E então era hora. Nove horas da noite.
Confesso um certo alívio, seguido de ainda mais ansiedade.
Saí de casa com apenas ela em mente e, por isso, voltei para pegar a jaqueta azul. E por isso também voltei para trocar pela preta.
Já para me precaver tentei lembrar de algumas coisas para evitar a velha quebra da compustura. Por etapas, lembrei de tudo o que me tirava a concentração: os olhos, o sorriso, o cheiro, os brincos, o decote, as unhas bem pintadas e aquela pinta linda sobre a sobrancelha esquerda. Tudo isso entre buzinas a cada sinaleiro que abria.
Parei em frente ao restaurante, respirei fundo e pedi uma mesa para dois.
- Não fumantes, por favor.
- Tem reserva, senhor?
- Jan-Luc Dutrés. - Respondi firme enquanto analisava o ambiente.
O nome francês sempre assustava.
- Claro, meu senhor, por aqui...
Sentei, com aquele ar de importante, e esperei. Esperei. Esperei... Me concentrei ao máximo para saber exatamente o que fazer quando ela chegasse. Me concentrava e fazia cara de sério, para mostrar que não sou aquele palhaço que ela tinha a impressão.
Soltei todo o ar de meus pulmões em um suspiro de nervosismo, aqueles de menino apaixonado, quando senti uma mão delicada acariciar o meu ombro. Levantei de prontidão, ainda com a cara de assustado, enquanto tentava sorrir.
- Oi. - Disse ela.
Estava linda, linda como sempre. Linda como eu, mesmo sabendo, não poderia esperar.
Riu do copo que derrubei, sorriu para minha falta de jeito e segurou a minha mão quando sentou.
- Que bom revê-lo! Como tá?
Agora os ponteiros não tinham mais aquela calma para se mover...
- Vou bem, quero dizer, muito bem. E você, Dana, tá bem? Já mudou de agência? Tá de sapato novo, que eu vi. Tá sozinha? Ainda mora com a mãe?
- Aiai... - disse ela, toda graciosa, o que não é novidade, enquanto sorria com o corpo - Tô ótima. Casa nova, emprego novo, carro novo, vida nova. Mas tô curiosa. Adorei o convite. Não enrola, me conta...
- Então, é meio importante.
- Ótimo, importante é melhor ainda...
- Bem, eu, quer dizer... Já faz tempo que eu queria conversar. Eu queria te ver e...
- Já querem pedir a bebida? - interrompeu o desgraçado do garçom.
- Tequila, duas doses de tequila!
- Tequila, Dana? Uou.
- É, tô pro crime...
Oba, pensei eu, juro que pensei.... Pensei? Será que eu disse alto? Eu pensei, diz que eu pensei...
E ela continuava sorrindo enquanto eu continuava com essa minha cara de bobo.
- Voltando ao assunto. Eu queria dizer que... bem, estou meio confuso, na verdade. Eu...
- Ai, pera, pera.
É, Dana e seu inseparável telefone. Seu famoso telefone. Aquele... que não pára te tocar.
- Só um pouquinho, querido. Preciso atender, é trabalho.
- Meleca!
- Desculpa...
O garçom chegou ao mesmo tempo em que ela se levantou.
Mas ela é assim, disputada. Em tudo. Cheia de energia. E eu sou assim, um bobo.
E nós também, sempre fomos assim: Eu sou um desperdício de sua energia, ela um desperdício de todo o meu tempo.
Meu copo estava vazio há tempos quando ela voltou. E o dela também.
10 comentários:
"Meleca!"
Adoro as minhas regras!
Mas hey...ele tomou mais de um shot de tequila! hahhhaha!
Adorei.
Next? Rodrigo!
então
deixo aqui registrada a minha humilde opinião: o querido diastolfo escreveu prosa poética...
parece que estava se confessando e ao mesmo tempo contando uma historia mto delicada e preciosa...
AMEI! quero logo que chegue a minha vez! hihiii
Adorei o momento dos relógios!! Jurei que era uma criança pulando amarelinha!
Lindo!!
Pois eu fiquei quebrando a cabeça para saber o que aqueles dois irmão estavam jogando. Que diabos de jogo é esse que tem casa 9 e casa 12, e não acaba nunca!!!
Demorei MUITO mas MUITO MESMO, pra me dar conta de que eram os ponteiros do relógio.
é por essas e outras que eu digo que criei um monstrinho...
(sobre o relógio)
Di Gênio!
A-DO-RO prosa poética!!
EM PRIMEIRA PESSOA!!!!!
Diogo vc é o maximo!
Hahahahaaha vc me pentelha no msn e no blog mas eu te gosto
hahahahhahahaha
E você acha que eu te pentelho pq??????
alguém aí desse clubinho de insanos deliróides prósicos-poetas (licença poética, ok? adoro!) vai ter que me explicar didaticamente essa coisa de regras.
1000 emails na cx de entrada e não entendi lhufas de patalhufas!
pliiiis, explain it to me like i was a kid (a five ywars old one, righty?)!!!
adoreiiiiiiiii astolfo!!!
ai ai ai... agora que to mais ligadinha na parada eu vos pergunto...
5 notas por favor!
qual é a música???
hahahahahaha
relógio foi genial...
mto bom, ursão.. não me surpreende pq conheço essa genialidade de outros tempos ein..
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